terça-feira, 23 de dezembro de 2008

NATAL, UMA ESPERANÇA QUE SE RENOVA


Essa é uma época muito esperada pela maioria de nós. É quando, ansiosamente nos preocupamos em escolher um presente para alguém que gostamos. É tempo de festa, tempo de preparar a casa para receber amigos e familiares, tempo de entrar na roda de “amigos ocultos” na turma da empresa, faculdade, equipe de amigos da igreja, etc.

Gostamos desse tempo. Nos animamos com as luzes, com os enfeites natalinos, com os sorteios da empresa... somos assim!

Mas, infelizmente não é verdade para todas as pessoas. Há um monte de gente que entra em depressão nessa época. Muitos têm grandes motivos; quer seja a perda de um ente querido ou a fatalidade sobrevinda nas asas da natureza, como no caso atual ocorrido em Santa Catarina. As luzes do natal dificilmente conseguem aplacar a dor do coração dessa gente sofrida.

Triste com tudo isso, abro minha Bíblia para repensar o Natal e pergunto: Que é isso Abba?

A resposta que encontro está na feliz decisão de uma moça simples e disposta que se abre para a possibilidade do natal de Jesus. Maria foi um instrumento de Deus para que houvesse o verdadeiro Natal. Jesus nasceu! Anjos anunciaram o natal com grande celebração! O natal foi tão belo que foi profetizado que “ao povo que estava assentado na região da sombra e da morte, a luz raiou”.

Quando disseram que o menino se chamaria Jesus, cuidaram logo para dizer que isso se devia a possibilidade da salvação.

Gente, o Natal transcende toda essa festa que fazemos hoje. Na verdade, o Natal aponta para o nascimento da esperança. É uma esperança que se renova no coração do perdido, do decepcionado com a vida, do desanimado. O natal nos lembra que Deus é bom e cheio de misericórdia e não nos abandona nos nossos sofrimentos.

Hoje, Ele participa da festa dos que celebram seu natal. O Natal é de Jesus! Esse é o tempo da visitação divina e da reconstrução da esperança de muitos corações que se permitem se tocados por ele, enquanto se deixa ser mudado numa nova criação. O Natal é a oportunidade de mandar a tristeza ir embora e se permitir ser cheio de uma nova vida que é prometida por Jesus.

É tempo de perdão, de revisão de vida, de estender a mão para abençoar “não ter a vergonha de ser feliz”.

Tenha um maravilhoso Natal de Jesus no seu coração!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE


A igreja hodierna nutre através de suas mensagens o vício e a dependência da bênção, do sobrenatural, da epifania. Facilmente se promete o milagre e a intervenção divina enquanto se prende atenção do fiel em meio a tantas “correntes”, esperando-se uma resposta generosa sem que isso evidencie uma barganha com o divino.

Nem percebem que esses mecanismos, ditos evangélicos, ainda que supostamente se estabelecem numa tentativa de promoção positiva (santa ingenuidade), apenas contribuem para um enfraquecimento da existência humana, bem como para uma infantilidade nutrida e perpetuada em nome da fé.

Claro que acredito na bênção, no milagre e no sobrenatural. Não dá para não crer nessas coisas quando assisto num monitor a uma imagem de uma criança viva no útero de uma mãe que ama e que a aguarda com todo amor. Ou quando um homem reflete em seu coração que precisa mudar de vida (conversão) e amar mais sua esposa e filhos e por isso, pede a Deus força para parar o alcoolismo. O que não acredito é numa mensagem que me tira a responsabilidade de viver as demandas da vida, porque a dinâmica da vida não pára. Independente do mal que a rodeia.

O meigo Jesus nos desafiou a não perder o ânimo no meio das adversidades. Ele prometeu estar conosco todos os dias até o fim. Ele é o grande Emanuel-Deus conosco. Ele não nos abandonará e, sempre ouvirá nossas queixas e dores. Melhor ainda. Temos livre acesso a Ele e podemos contar com sua força para viver, lutar e avançar. Ele sempre se faz presente em nossa vida através de homens e mulheres, que nos dedicam um tempo, um carinho, uma mão que se mostra como expressão e extensão do amor do Deus vivo.

Todos nós formamos um corpo vivo místico e hábil para toda a boa obra. E é nessa força, nessa verdade que admitimos poder todas as coisas naquEle que nos fortalece, não do céu (geografia) para nosso interior, mas do interior de seu templo e morada (ser humano). Essa é a maravilhosa força que nos seduz, nos atrai e nos provoca a honra de sermos filhos e filhas de Deus, que já vivem na (em a) sua presença geradora de ânimo, responsabilidade com coragem.

UM REINO DE CRIANÇAS


Os textos bíblicos relatam um incidente bem intrigante. Jesus percebe que algumas pessoas traziam crianças para serem tocadas por ele. Os adultos, perdão, os discípulos, num surto de zelo diante do aglomerado de pessoas buscando uma atenção do mestre, repreendiam aqueles que se esforçavam para conduzir suas crianças a Jesus. De imediato foram repreendidos por esse ato equivocado. Jesus se mostra totalmente acessível às crianças. Ele foi mais além revertendo a posição quando disse que o Reino de Deus era delas, e quem quisesse participar desse Reino deveria se posicionar como tais.

Rubem Alves cita em seu gostoso “Ostra feliz não faz pérola” o místico Jacob Boehme que disse que “a única coisa que Deus faz é brincar. Os homens perderam o Paraíso quando deixaram de ser crianças brincantes e se tornaram adultos trabalhantes”.

Fico pensando comigo mesmo e me questiono: Puxa, será que todo meu esforço de me tornar gente grande vai me afastar do Reino de Deus? Será que preciso rever algumas características perdidas no processo de adultamento? Mas, o que posso ter perdido que também fez me perder do Reino?

Acho que preciso voltar os olhos para o texto bíblico e entender que o mestre e salvador quis me fazer entender. Por certo, não é que tenho que encarnar um espírito de Peter Pan, nem um adulto com comportamento infantil e irresponsável. Creio que Jesus nos chama a atenção para algumas características que não deveríamos deixar na infância.

Podemos, sim, apesar do adultismo ver que perdemos muito do sabor de sermos mais verdadeiros conosco mesmo e com os outros.

Será que a mensagem não queria nos lembrar que o Reino é um espaço-dimensão apropriado para explorarmos o perdão, a dependência do toque da mão divina, a vivência do sonho sem o estresse do ser adulto? Não será verdade que perdemos a delicadeza do sorriso verdadeiro, e mascaramos nossas necessidades, carências, status social, e estado de espírito?

Com tudo isso, entendemos que o Reino de Deus é um Reino de “crianças” dispostas ao aprendizado, atentos mais à beleza poética da vida do que o escrutínio estressante que coisificam essa vida, os seres humanos e seus movimentos. Se observamos o desdobramento tríplice das crianças que brincam-brigam-brincam entenderemos que isso acontece porque elas preferem a felicidade à razão. Isso é disposição ao perdão à cura da alma e ao ver o outro como ser igual. Isso pode nos indicar uma infantilidade ou ingenuidade diante da realidade adulta? Pode, mas também nos lembra o que perdemos de sensibilidade.

De qualquer forma, desejo esse Reino de crianças, apesar de meu desenvolvimento natural. Ele me coloca mais perto de Deus, perto da vida, perto da felicidade possível e, principalmente com um “toque” da benção divina.