terça-feira, 15 de junho de 2010

O HOMEM E SUA LIBERDADE CRIADORA


Repasso aqui parte da minha leitura do Dominique Morin em: "Deus existe?"

Durante muito tempo, pensou-se que Deus, do alto do céu, dominava o mundo e o “governava” a sua maneira. Passado, presente, futuro, tudo lhe pertencia. Ele sabia tudo, via tudo, dirigia tudo, tudo previa.
Essa maneira de encarar a ação de Deus no universo e em nossas vidas nos deixa hoje espantados. Deus não é um tirano que dirige tudo segundo suas conveniências. Ele confiou ao homem o mundo, para que aí ele viva em toda liberdade, criador de as própria história.
O homem não está sob o império de um Deus todo-poderoso, de quem seria servo e escravo. Um Deus que viria suprir as deficiências de sua existência ou as falhas de seu conhecimento. Um Deus que consolaria na infelicidade, no sofrimento e na morte, poupando-lhe de assumir suas responsabilidades.
O Deus revelado por Jesus Cristo é profundamente respeitoso do homem, de sua justa autonomia, de sai responsabilidade pessoal. Longe de querer dirigir tudo, Deus convida o homem, ao contrário, a encontrar por s mesmo os meios que o levariam à realização mais perfeita possível de suas faculdades criadoras.
Isso não quer dizer que Deus esteja desinteressado do mundo (ou que o homem deva se desinteressar de Deus), mas simplesmente que Deus permite que o homem dirija sua própria existência.
Para os cristãos, o homem se situa numa história na qual ele e Deus são ao mesmo tempo criadores e atores. Nesse novo contexto, abre-se um imenso campo de possibilidades. Ele se torna criador de seu futuro. Deus quis associá-lo a sua obra criadora par ressaltar sua própria criação. A responsabilidade do homem é, portanto, enorme: é a sua criação que dá sentido à história.
[...]
O futuro de Deus e o futuro do homem são, pois, inseparáveis, sem que isso seja um constrangimento alienante para o último. Deus dá ao homem os meios de se realizar totalmente, visto que o ama como pai e que seu poder é um poder de amor.
(extraído do livro “Deus existe?” de Dominique Morin. Ed.Loyola. págs 39-41)