sexta-feira, 28 de maio de 2010

SURGIMENTO DE UMA SOCIEDADE ALTAMENTE CONSUMISTA


O consumismo está ligado à Revolução Industrial e ao poderio da produção em massa. No início da Revolução Industrial, os empregadores viam os empregados apenas como produtores de mercadorias. Porém, uma sociedade voltada para a produção em larga escala precisa dispor de um amplo mercado consumidor. Para aumentar a demanda de consumo, criou-se uma relação entre as commodities – itens de consumo que possibilitam status e prestígio – e a identidade. Como pontua o economista e sociólogo norte-americano Thorstein Bunde Veblen, no livro A Teoria da Classe Ociosa, o consumo, além de satisfazer necessidades, indica riqueza, funcionando imediatamente como evidência de status e prestígio, o que enaltece o eu do consumidor. O melhor meio de se obter um aumento do consumo é pela propaganda, pois além de trazer informações sobre produtos, ela promove um estilo de vida, criando assim um novo produto – o consumidor.na opinião de vários sociólogos,filósofos e economistas, é assim que a sociedade molda nossas escolhas, preferências e desejos. A sociedade é construída em função dessa premissa, centrada no eu, que por estar sempre em busca de compensações é facilmente seduzido pelas propostas que recebe. O eu cai então em um vazio existencial, tentando satisfazer seus anseios por meio de uma tetralogia niilista construída de hedonismo, consumismo, permissividade e relatividade.
A conclusão que chegamos é que a sociedade contemporânea se caracteriza por uma valorização do comportamento hedonista, com a busca do prazer aqui e agora, oposto à ascese religiosa, colaborando para o desenvolvimento de tipos narcisistas e egoístas de personalidade. Enfim, o consumismo se torna um elemento fundamental para o eu moderno construir sua identidade. O principio de Descartes – “penso, logo existo” – para a ser “compro,logo existo”.
[...]O consumismo é preocupante também entre os cristãos. Ao valorizar a aquisição de bens, a teologia da prosperidade transmite a idéia de que, se a pessoa está em Cristo, ela pode consumir, como demonstra o sociólogo da religião Ricardo Mariano. A máxima de Descartes, que havia passado para “compro, logo existo”, passa a ser agora “oro, logo adquiro”, ou “determino, logo compro”! Seja como for, a ênfase está no eu narcisista e não na fé cristã genuína. Em relação a esse tipo de consumismo narcisista entre os cristãos, o que percebemos é que o mundo evangélico brasileiro está se tornando um mercado específico.


Por Cláudio Antônio Cardoso Leite - retirado do Livro: "FÉ CRISTÃ E CULTURA CONTEMPORÂNEA" da editora Ultimato (págs. 198-200).