domingo, 13 de novembro de 2016

DÊ UMA GUINADA NA SUA VIDA

Algumas pessoas costumeiramente parecem já acordar de mau humor. Passam o dia tentando até esboçar um sorriso, mas seus corações parecem guardar segredos que só Deus sabe. São pessoas cujo azedume gera uma oração do tipo: “Deus não se importa comigo”.

Sabemos que a vida não tem sido boa para muita gente. Isso independe do poder aquisitivo. Você pode ter a casa muito bonita e seu coração não ser compatível a essa beleza; a casa pode ser grande e cheia de gente solitária.

Sendo mais claro, tais pessoas precisam ver sentido para suas vidas. Para o sofrimento de algumas pessoas, essa resposta não acontece num passo de mágica. Deus não funciona. Deus se relaciona. Tal sentido de vida nasce de um processo de mudança de foco do que te faz infeliz para o acolhimento do Pai que te inspira à vida te convidando a reconhecer que seus filhos e filhas nunca são desamparados, mas inspirados a viverem com intensidade a vida que lhe é proposta, escrevendo e refazendo suas histórias.

Isso não pode acontecer de fora para dentro, mas de dentro para fora, que significa que toda ação do pai tem a ver com nossas relações. É a partir do seu interior que as coisas começam a fazer sentido. Você se vê como humano que interessa pela humanidade, de onde se revela a dinâmica da vida.

Quando tiramos os olhos dos nossos umbigos e focamos as necessidades dos outros, Deus se faz presente nesses gestos humanos que fazem sentido à existência. Você não nasceu para si próprio, mas para outras pessoas que fazem sentido sua existência. Nesse serviço, aprendemos a ver e respeitar o compasso existencial dos outros, quer voem como águia, quer corram uma maratona, ou simplesmente andem, contanto que se mostrem dispostos a seguirem em frente no sentido da existência.


Josué Gomes

ESPIRITUALIDADE VIVA

Os grandes mestres da espiritualidade tiveram suas vidas devotas. De alguma forma se sentiram chamados por algo (alguém?) maior que eles. O que me chama atenção é que se tornaram importantes para a história humana, ainda que não fosse esse o motivo da devoção. O foco não era o vivente da espiritualidade ou o emissário, era a vida e tudo aquilo que lhe cerca. A casa humana comum, o outro, a terra, a natureza; um sentimento do numinoso, sim, o espírito consciente de algo que transcende e que tem sacralidade.

Quando falo de espiritualidade, não me refiro ao que normalmente acontece no templo, na mesquita, no terreiro, etc., esses movimentos são ritos e religiosidades, apesar de poderem ser vistos como reflexos espirituais.
Jesus viveu uma espiritualidade que chama a nossa atenção. Quando buscamos verificar essa espiritualidade a vemos em sua vida devocional, comportamento e palavras vivas. Foi uma experiência de quem se entende filho de Deus e por isso o chama de “papai”, aliás, Abba, é uma forma carinhosa e caseira de referir-se ao pai. Ele assume essa condição do ser filho de Deus e envolve seus discípulos nesse contexto familiar. Todos e todas poderiam se referir a Deus de Abba, papai. Sua humanidade lhe viabilizou o entendimento do ser filho, e como tal, fazer referência à Deus-Pai como pai de cada ser humano e, sua humanidade.

Outro aspecto da espiritualidade de Jesus está no fato de sua prática cotidiana. É como experimentar a vivência para outro elemento além de SI mesmo. Foi assim que ele se assumiu Filho do homem, pois ele viva e se desgastava em prol do bem comum. Isso é um traço político de espiritualidade.

O bom disso tudo é poder aprender que há um caminho possível para todos e todas nós, o caminho da espiritualidade viva que contempla o outro, pelo fato de sermos assumidamente filhos e filhas de Abba!