domingo, 28 de maio de 2017

E DISSE DEUS: “O PRÓXIMO PASSO É SEU!”

Numa cultura escassa de literatura, o conhecimento era dado a partir da condição oral, mais tarde conhecida como tradição oral. Os jovens queriam saber como a vida veio a acontecer, como se tornaram povo, como chegaram a ser o que eram, qual o próximo passo da humanidade, etc.. A resposta viria da boda do ancião que tinha princípios judaico-cristão: Deus é o princípio de tudo.

E ele continua...

Você sabia que Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há? Sabia que Deus iniciou dando um pouco de sua luz, mesmo quando não havia luzeiros no firmamento? Sabia que Deus criou a luz e com isso se descobriu que luz e trevas se opõem? Sabia que Deus criou as estrelas e os astros, que as águas doces e salgadas vieram depois, e logo os animais domésticos e selvagens, e somente por fim, veio o homem? É, o homem veio somente depois que havia condições climáticas e possibilidade de sua sobrevivência.

Sabia que Deus ordenou a vida continuar sua criação, isso é a terra, as sementes, os animais, e por fim o homem? É, isso é uma declaração de responsabilidade e lei da vida. A vida surge a partir do Deus (vida) e continua se estendendo através de leis fixas, mas ao homem, feito à sua imagem e semelhança, é dado a ordem de dar o próximo passo.
Deus confia ao homem a sequência da vida, a administração de sua criação. Isso significa que o ser humano é capaz de seguir adiante conforme com criticidade e criatividade.

Isso tem a ver com os mais diversos níveis de relacionamentos humanos, empresa, matrimônio, amizade, negócios, etc.. O próximo passo é de nossa inteira responsabilidade. Isso nos diz que somos criaturas criadoras, gente em fase de acabamento que se revela nas escolhas que fazemos, de preferência, inspiradas no ser criador que nos conduz nesse processo criador.

Portanto, urge a nós o exercício da sequência da vida, que digam os cientistas, os pedagogos, os engenheiros, e, porque não, os poetas. Claro que não estamos negando Deus nesse processo, antes estamos valorizando a confiança a nós emprestada.


Josué Gomes

domingo, 21 de maio de 2017

SENSIBILIDADE E VOCAÇÃO

Você já teve a impressão ter sido esquecido por Deus? Você já teve a impressão de que Deus não existe e que, por isso, não lhe ouvimos falar? Pois é, eu sim.

A maioria de nós fala de “fidelidade de Deus” como resultado de acordos divinos em relação às dificuldades que enfrentamos. É como se primeiro percebêssemos a “bênção” para depois afirmarmos que “Deus é fiel”.

Até parece que só o enxergamos no sucesso, no sobejar da bênção. Para a maioria de nós a fidelidade de Deus é uma garantia de que “nada nos abalará”. Não entendemos que o dever de casa é nosso. Vivemos correndo atrás de bênção e só entendemos de bênção nesses termos.

Creio que Deus se apresenta a nós nas esquinas da vida, assim como na sarça ardente de Moisés no deserto. A maravilha ali não foi Deus falar, mas alguém ter coragem de deixar o que estava fazendo para dedicar tempo para ouvir o inaudível.

Caiamos na real, estamos muito atarefados com projetos egoístas, e não temos tempo nem sensibilidade para ouvir Deus falar nem olhos para ver seus sinais.

Creio que nossas queixas são ouvidas, mas o que mais incomoda Deus é não entendermos que Ele age à priori em nós nos acordando para a realidade de seu amor, e à posteriori através de nós, nos conduzindo à vida de dentro para fora em uma vocação de sermos mais parecidos com Jesus que se tornou culto humano no meio de uma geração que não estava acostumado a viver esse nível de acolhimento divino.

Procure pensar nisso. Procure ser sensível ao que acontece ao seu redor e seja um culto vivo ao Deus da vida. Una força e coração a pessoas que não abrem mão de serem mais humanas. Seja você mesmo um culto vivencial onde o egoísmo se ofusca pelo espírito do altruísmo. É assim que renasce o ânimo de viver e de ver a vida fazendo sentido.


Josué Gomes

domingo, 14 de maio de 2017

ORAÇÃO e HUMILHAÇÃO

Ainda criança ensinaram-me a arte da oração. Um caminho de busca e de intimidade com Deus. Busca-se a Deus por saber que todo pai deseja cuidar de seu filho e se queda disposto a atendê-lo e, intimidade devido ao fruto de uma vida de oração.

Ensinaram-me que quanto mais o buscasse, mais rápido seria atendido. Quanto maior o lamento, mais certeza poderia ter de ser contemplado. Perdi a conta de quantas vezes andei em vigílias até o sol raiar e em círculos de oração das tardes. Observava que a relação dos pedidos sempre foi bem maior do que a da gratidão; tudo era contrição e oração.

Os pedidos eram tão suplicantes que fazia pena ver alguém orando. Chorávamos ao fazer cada oração, mas depois de um tempo, nascia a esperança de que Deus havia nos ouvido, logo a resposta também viria. E com a voz embargada, dizíamos: "Amém!".

Ainda hoje gosto de oração, mas o tempo nos provoca o pensar e o repensar. O olhar se torna maduro e mais “exigente” no sentido dos "como" e "por quês", se dessa ou daquela maneira.

Por que a súplica? Devido uma extrema necessidade ou pela falta de respostas e a limitação do orante.

Oramos com muita naturalidade como quem conversa com alguém próximo numa esfera de relacionamento entre seres onde não há cobrança nem lamento, só compartilhamento. Nesse sentido a oração gera alivio e confiança existencial.

Mas, me preocupo com a exigência da súplica, da face no pó, da prostração, do jejum ou de qualquer outra tendência ascética. Ora, se é verdade que o Pai conhece seus filhos e filhas e que ele sabe o que quer antes mesmo de comunicar-lhe algo, por que a petição suplicante e ofegante? Por que tem que se humilhar? 

Penso que, se choramos ou lamentamos uma situação, não fazemos por exigência de fator sine qua non para ser atendido, mas por sermos humanos, gente se sente gente em estado de carência.

A exigência da súplica, da contrição, da humilhação desdiz de um Deus-Pai bondoso. Não dá para mensurar o nível a se chegar a tal humilhação e, por isso ser atendido, acolhido. Eu creio num Deus pai que, antes de tudo, conhece cada um de nós e sabe de nossas limitações.

Deus é maravilhoso e encontra em nós, não a humilhação, não a prostração, mas a atitude orante que permeia os passos de quem busca sua companhia e seu colo! 

Quando oro, o faço, não quem precisa se humilhar para ser exaltado, mas como sinaliza o desejo de Deus na oração. Quando oro, o faço em atitude existencial, ainda que ninguém perceba que estou orando, senão que estou vivendo, vivendo um estado de oração e vida com o Pai.


Josué Gomes.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

UMA COMUNIDADE PENTECOSTAL

Sou filho de um pentecostalismo histórico. Cedo aprendi a buscar o batismo no Espírito Santo. Isso se elaborou em meu interior como força divina no ser humano fiel.

Como pastor estimulei as pessoas buscarem o poder do alto e se encherem do Espírito e pedirem dons espirituais. Vi muita gente sair falando o que chamávamos “língua dos anjos”. Nesse tempo ainda não entendia que “anjos” não falam essas línguas que se falam nos ambientes pentecostais, aliás, logo aprendi que era um termo poético de chamado a intimidade com o divino.

Se os dons espirituais na antiguidade eram entidades espirituais de suporte para o exercício de tal habilidade, e depois se entendeu como dádiva distribuída aos fiéis para exercício comunitário, logo, fazendo revista ao meu pentecostalismo percebo que temos uma proposta comunitária e não pessoal que pode gerar uma vaidade pentecostal. Eu sou membro da mesma igreja que a sua, com um diferença, eu sou batizado e tenho o dom e você não. Essa distinção não é saudável e não promove harmonia, mas instrumento de poder em nome de Deus e até de subjugo.

Faço eco ao pensador Elienai Cabral Jr quando diz que “A experiência do Batismo não é solipsita. [...]. É comunitária, porque é uma experiência de relacionalidade e não de exclusividade. Os dons do Espírito, curiosamente, só se justifica na comunhão”.

Os textos bíblicos, por certo, não discordam da mudança de foco que fazemos, isso é, em vez de hoje perguntarmos quem é batizado no Espírito Santo, podemos perguntar se essa comunidade está imergida nesse Espírito, pois não cabe mais perguntarmos se alguém fala em línguas estranhas, mas se o diálogo é harmonioso no amor; em vez de perguntar sobre dons de cura, perguntemos se a nossa comunidade trabalha a cura uns dos outros; em vez de buscarmos alguém com dom de exorcizar, procuremos em nós a possibilidade de lutar contra tudo o que entendemos como anti-vida; e continuemos perguntando se a comunidade está disposta a continuar sonhando e se consegue discernir o tempo com seus espíritos que saqueiam a humanidade que desaprendeu a ver Deus na beleza da vida.

Não sou eu que devo ser batizado, mas busco que minha comunidade seja absorvida pelo Espírito de vida, aliás, devo perguntar se nela ainda há vida!


Josué Gomes

quinta-feira, 4 de maio de 2017

ESPIRITUALIDADE VIVA

Cada um de nós tem uma história a ser contada. Cada história tem seu ápice de estresse e quando paramos para reler essa história podemos perceber que Deus esteve presente nos fortalecendo e nos reconstruindo através de insight de sabedoria diante de nossas próprias escolhas.

Entendo que Deus é bom e sabe de nossa história e sabe que também somos capazes de enfrentar todas as suas demandas.

Se é verdade (eu creio) que Deus se mostra nos espelhos da natureza, muito temos a aprender com ela. Basta ver as estações do ano que cumprem seu papel nos dando possibilidade de sermos o que somos (seres vivos) nesse planeta.

Mas a beleza vai além quando vemos que o ser humano é um ser que se reiventa. Ele traz em si a essência do Pai que lhe imprimiu uma ética do bem. Quando algo lhe surge como contrário ao bem (e tem muito disso), contrário ao que é bom, ao que é digno, ele tem a capacidade de lutar contra o mal que lhe contradiz. Às vezes o mal pode vir do seu igual, o próprio homem que usa de sua liberdade para acomodar malignidade. Faz parte do jogo da liberdade humana, não por o homem ser decaído, mas por ser humano livre ou viciado ao mal.


Às vezes vemos que o homem pratica tanto o que é mal, que esse mal lhe identifica desumano, mesmo assim é pelo homem consciente do bem de Deus em sua vida que pode surgir a luta contra tudo o que é ou se mostra anti-vida. Precisamos nos unir para sobrevivência do bem, da vida. Precisamos de sabedoria seguir adiante com esse propósito e ajudar àquele que deseja unir força em prol do que é bom, correto, o que for puro, amável, o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno, que pensemos nessas coisas.

Josué Gomes