sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

"O PASTOR CONTEMPLATIVO"


Acabei de ler “O Pastor Contemplativo” de Eugene Peterson.

Algumas pérolas do livro:

- Jesus, O Subversivo – Jesus foi o mestre da subversão. Até o fim, todos, inclusive os discípulos, o chamavam de rabi. O rabis eram importantes, mas não faziam nada acontecer. Nas ocasiões em que houve suspeitas de que talvez ele fosse mais do que o título apontava, Jesus tentou manter as coisas em segredo: “Nada diga a ninguém”.

A forma de discurso favorita de Jesus, a parábola, é subversiva. As parábolas parecem histórias absolutamente comuns, casuais, sobre solo e semente, refeições, moedas, ovelhas, bandidos e vítimas, fazendeiros e comerciantes. Elas são também inteiramente seculares: dentre as cerca de quarenta parábolas registradas nos evangelhos, só uma tem como ambiente a igreja e só duas mencionam o nome de Deus.

Quando as pessoas escutavam Jesus contar essas histórias, vivam imediatamente que não eram sobre Deus e que não continham nada que ameaçasse a suposta soberania delas. Então baixavam a guarda. Embora perplexas, iam indagando qual o significado das histórias, que ficavam gravadas em sua imaginação. Mais tarde, como uma bomba-relógio, elas explodiam em seus corações desprotegidos. Um abismo se abria a seus pés. Ele estivera falando sobre Deus; eles tinham sido invadidos.

Jesus continuamente lançava histórias estranhas ao longo das vidas normais (para – “ao longo de”; bole – “lançar”) e se retirava sem explicação ou apelos. Os ouvintes começavam, então, a ver as ligações, as conexões de vida, de eternidade. A própria falta de clareza, a diferença, eram estímulos para perceber a semelhança: semelhança com Deus, semelhança com a vida, semelhança com a eternidade. Mas a parábola não realizava o trabalho – ela fazia a imaginação do ouvinte trabalhar. As parábolas não são ilustrações que facilitam as coisas, pelo contrário, elas se não tivermos cuidado, acaba se tornando o exercício de nossa fé.

As parábolas atravessam subversivamente nossas defesas. Dentro da cidadela do “eu”, podemos esperar uma mudança de estratégia, um brandir súbito de baionetas que resulte num golpe contra o palácio. Mas isso não acontece. Nossa integridade é respeitada e preservada. Deus não impõe sua realidade de fora para dentro; ele faz crescer flores e frutos de dentro para fora. A verdade de Deus não é uma invasão alienígena, mas um romance amoroso em que detalhes comuns de nossa vida são tratados como sementes cultivadas para nossa concepção, crescimento e maturidade no Reino.

As parábolas confiam em nossa imaginação, ou seja, em nossa fé. Elas não nos arrebatam paternalmente para uma sala de aula onde as coisas são explicadas e diagramadas. Não nos colocam em regimentos onde nos encontramos marchando a passo de ganso moral.

É difícil descobrir um detalhe sequer na história do evangelho que não fosse negligenciado na época (e ainda hoje) por ser improvável, desprezível, comum e considerado ilegal. Sob a superfície do convencional, porém, e por trás do cenário de probabilidades, cada um daqueles detalhes estava efetivamente inaugurando o Reino: gravidez ilegítima (como foi suposto), nascimento na manjedoura, silêncio em Nazaré, trabalho secular na Galiléia, curas no sábado, orações no Getsêmani, morte como criminoso, água batismal, pão e vinho. Subversão.

(Extraído de "O PASTOR CONTEMPLATIVO - Descobrindo significado em meio ao ativismo", um livro de Eugene H. Peterson. págs 40,41)

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá sr. Pr. bispo Josué Gomes...
como vai? espero que estejas gozando das mil delícias, pelo menos, nos indica esse seu largooooooooo sorrisssooooo!!!
Fico feliz em saber que- 1)- já leu o Livro hora mencionado.
2)- em saber que gostou tannnnntoo que já fez postagem sobre ele. Parabéns. Deixo meu abraço, de alguem que não tem s carecteristica de un subversivo, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk