domingo, 26 de outubro de 2008

VALE A PENA CASAR?


Esse último mês de setembro (2008) é uma data muito especial para nossa vida a dois, pois celebramos nossas bodas de prata.

Há um quarto de século atrás estávamos nos casando. Claro que poderíamos “juntar as escovas de dente” ou “juntar os panos” como, carinhosamente falamos sobre as relações não legalizadas. Pois bem, foi quando fizemos questão de passar pelo crivo social da legalidade do casamento civil. Foi uma declaração de compromisso e voluntariedade. Assim foi o nosso casamento perante o juiz de paz e de algumas testemunhas; declaramos para a sociedade da qual fazemos parte que seríamos responsáveis pela nossa decisão.

Ah, também casamos perante o pastor. Recebemos as bênçãos matrimoniais. Nos sentimos abençoados, fizemos juramento perante Deus e nossa igreja. Entendemos que essa bênção deve acontecer sem a hipocrisia de uma religiosidade de fachada, mas de compromisso com Deus. Foi nesse momento que fizemos um juramento de suportarmos um ao outro e de estarmos juntos na pobreza e na riqueza, na saúde ou na doença, etc.

Gente, tudo é muito belo, mas muito diferente do exercício do dia a dia. Saímos da presença do juiz de paz e do pastor com um sonho de felicidade na plenitude no calor da paixão e com os hormônios saltando pelos poros; mas, a vida a dois é bem diferente do vestido branco de longa cauda e do belo terno com gravata engraçada que usamos numa ambiência de flores e juramentos calorosos. A nossa vida, diferente de um contexto organizado de flores, festa, comes e bebes é recheada de ausências, estresses, inabilidades, porque no verdume da jovialidade, os pecados nos tornam reféns de nosso “sim” diante de Deus e dos homens. Mas, a gente só descobre ou assimila tudo isso, depois.

Será que casamento é como um velho circo de beira de estrada que, quem está dentro, está louco para cair fora e, quem está fora, doido para entrar? Vale a pena casar?

O que podemos dizer é que temos aprendido a superar toda a demanda que nos sobreveio. Fácil, não foi, impossível, também não.

A beleza do casamento é o desafio de seguir adiante, mesmo quando colhemos mal na nossa roça matrimonial. É quando cedemos espaço, liberamos perdão, e, quando, resignados não permitimos que o mal vença o que um dia nos motivou a deixar pai e mãe para um desafio de mutualidade conjugal.

Vinte e cinco anos depois, olhamos para trás e percebemos que vencemos muitas batalhas, choramos muito, aprendemos bastante com nossos erros. Também olhamos para frente, isso é, para nossos filhos que perpetuarão nossa história, não acertando sempre, mas com certeza, sabendo que podem vencer bem pelo amor que os torna fortes, principalmente sob a bênção e a torcida do alto, de onde provém a coragem pra seguir adiante.

Agora, bem mais maduros e bem mais amantes, apesar das cicatrizes, somos gratos a Deus, a família e a igreja, cúmplices de nossa história, enquanto olhamos com graça os que completam outras bodas, e já fazemos planos para chegarmos inteiros lá também, queira Deus!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

PROBLEMÁTICO OU SOLUCIONÁTICO?


Abri meu coração para um dos diáconos de nossa igreja. Foi minha vez de desabafar. Esse dia foi de crescimento e de descoberta pra mim. O que me disse no final de nosso diálogo me trouxe à reflexão de meu próprio comportamento: “Estamos precisando de pessoas 'solucionáticas' para compensar o número das 'problemáticas'”. Dito isso, nós rimos um pouco desses aforismos estrambóticos e de nossos comentários.

Dificilmente alguém se identificaria como uma pessoa problemática. Essa pecha mancha a identidade de um servo de Deus. Ao mesmo tempo, não posso fugir da realidade de uma dessas identificações: “solucionático” ou “problemático”.

Talvez ainda não tenha me dado conta do que tenho sido ao longo de minha caminhada cristã ao lado de meu líder espiritual, ou até em minha casa ao lado de minha família, ou ainda em minha vida profissional.

Como identificar um “problemático” ou um “solucionático”?

Os nomes são para minha auto-identificação ou de qualquer pessoa. Mas, o caminho para identificarmos a nós mesmos poderia acontecer ao observarmos nosso comportamento, respostas, antagonismos, queixas e, à proporção de nossas contra-argumentações.

Como nos comportamos diante do censo comum? Como nos comportamos diante da visão da igreja da qual nos tornamos membros? Como nos comportamos diante dos desafios da entidade na qual nos ligamos? Como nos comportamos diante das propostas, novos modelos, ideais, debates de grupo e formação de equipe, e outras coisas que possam promover o grupo, família, equipe, igreja, etc.?

Particularmente, eu tomei a decisão de seguir ao lado de quem apostei minha dignidade de vida, ainda que com algumas diferenças que se tornam secundárias pelo valor da união que fortalece e da confiabilidade que me atraiu para uma luta por ideais comuns.

Nem pergunto sobre você, mas declaro minha vontade de ser “solucionático” para minha família, minha igreja e minha comunidade.

UMA VIAGEM PARA DENTRO DE MIM MESMO

Lucas 8.22 – Certo dia Jesus disse aos seus discípulos: “Vamos para o outro lado do lago”. Eles entraram num barco e partiram.

É interessante observar que Jesus convida seus discípulos a passarem para o outro lado do Grande Lago (Mar da Galiléia), mas durante a viagem o cansaço lhe abate, e ele acaba dormindo. O sono só é interrompido quando o barco está se enchendo com a água movida pelo vendaval repentino que assola aquela região de 313 metros abaixo do nível do mar.

Cheguei a observar esse texto como uma aula extra classe. Uma aula da vida real que se desenvolve com lições claras de possibilidades de como enxergar Deus no barco de nossa vida.

Que possíveis lições Deus estaria me dando?

1. Ter cuidado para não me aventurar sem contar com Jesus.

Claro que nesse entendimento, não devo contar com Jesus como garantia de vantagens, pois isso seria amuletismo pró-utilitarismo.

Quero ter Jesus presente em minha aventura, sonhos, negócios, etc., mas com a convicção de que o meu desejo é viver intensamente um relacionamento pessoal pelo que ele pode significa em todos os momentos da minha vida. Creio que foi esse o motivo que levou os discípulos a não titubearem em seguir viagem.

2. Deus também descansa.

Apesar de saber que Deus não dormita nem dorme (literalmente) por causa de seus cuidados para com seu povo, entendo que Jesus dorme o sono da segurança de tudo aquilo que deixou de legado para seus discípulos. Jesus, o Deus encarnado, dorme em função de saber dos dons que conhece em seus discípulos. Dorme apostando que pode ver seus discípulos andando com suas próprias pernas, aliás, podemos ver duas maneiras de mostrarmos maturidade cristã: 1) No nosso comportamento diante das aquisições da vida, e 2) diante das adversidades. Não precisamos ser vigiados em nosso comportamento, mas ver a possibilidade amadurecer.

3. Contar com a presença de Jesus NÃO nos garante uma vida sem tribulações.

A temática evangélica de nossos dias, distante da mensagem neotestamentária nos deixa longe da realidade da vida pelo insulto do triunfalismo. A questão do “crente que é crente” não sofre, não adoece, não passar privações contraria o texto do Novo Testamento. Foi aos crentes que Jesus disse: Jo 16.33b – “Neste mundo vocês terão aflições...”. A igreja primitiva “encorajava os novos membros a permanecerem na fé, dizendo: ‘É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus’” (At 14.21-22), enquanto os apóstolos ensinavam a se “gloriarem nas tribulações” (Rm 5.1-5). Então não é verdade que nossa vida com Deus é isenta de dificuldades.

4. Aprenda a parar para ouvir o silêncio de Deus.

É bem verdade que nos momentos difíceis de nossa vida, temos a impressão de que Deus está “dormindo” em relação ao nosso caso particular, facilmente nos esquecemos da fidelidade de Deus. Então, creio que muitas vezes o silêncio, não é um abandono, mas um desafio a confiar no caráter de Deus.

5. O Senhor nos acode em nossas debilidades.

Os olhos dos discípulos estavam fixos no milagre, pareciam carentes de uma visão interior. O milagre de Jesus foi seguido de repreensão por causa da carência de confiança. Não apenas para mostrar seu grande poder, NEM para dizer quem é que manda na natureza, MAS, para nos ensinar que ele está disposto a nos visitar em nossas debilidades. Sua doce presença já é um milagre.

Muitos gostam do Sl 23.1: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará!”, mas o V.4 é revelador – “Mesmo quando eu andar pelo vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem”.


Não perca a esperança, ele está mais próximo do que você possa imaginar.