terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um grande escândalo!

Estou escandalizado! Não sei qual foi a razão pela qual a notícia aterradora não teve grande repercussão. Acho intrigante que notícias sobre o último “caso” da Madonna tenham mais destaque e despertem mais o interesse do grande público do que o que realmente importa à raça humana. Quando vi achei que tinha entendido errado, mas não, era aquilo mesmo: em 2009 o mundo tem um bilhão de famintos. A notícia foi dada pelo Programa Alimentar Mundial da ONU. Daí pensei: bem, devem ser um bilhão de pessoas com alimentação insuficiente, mas não que passam fome. Não era. Estes que não se alimentam o suficiente são três bilhões. Um bilhão são famintos mesmo. Fiquei estarrecido. Só um terço da população mundial come bem todos os dias. Isso é um escândalo. Mas ninguém liga.

Nem aqueles que se julgam muito religiosos ligam. Boa parte destes está mais preocupada com coisas irrelevantes do que com a vida humana. Se escandalizam com coisas mínimas mas são indiferentes com a banalização da vida. Tony Campolo, pregador e escritor cristão, disse, certa vez, numa palestra para estudantes universitários, o seguinte: “Enquanto você dormia ontem, 30.000 crianças morreram de fome ou de doenças relacionadas a má nutrição. E mais, a maioria de vocês nunca ajudaram em merda nenhuma. E o que é pior: você está mais perturbado com o fato de eu ter dito ‘merda’ do que com a notícia de que 30.000 crianças morreram de fome na última noite”. Certamente muitos dos que leem esse texto, neste exato momento, também se perturbariam mais com um pastor falando “merda” durante uma pregação do que com a notícia de um bilhão de famintos no mundo. Coam um mosquito e engolem um camelo.

O que tornou a notícia ainda mais escandalosa é que Josette Sheeran, diretora-executiva do Programa Alimentar da ONU, disse que se fosse investido menos de 1% de tudo o que foi gasto para conter a crise econômica mundial, o problema da fome seria resolvido no mundo. Repito, menos de 1%.

E sabe o que é ainda pior? É que muitos de nós cruzam os braços, olham para os céus e dizem: “Deus quis assim, que seja respeitada a vontade de Deus”. Cinismo. Omissão. Pecado. Deus não quer isso. E já nos deu todas as condições para acabar com essa miséria. O mundo produz comida suficiente para todos. Nós é que não dividimos de modo equitativo. A culpa é nossa, não de Deus. O mundo prefere gastar trilhões para salvar o sistema financeiro do que alguns bilhões para erradicar a fome.

E não há “atos proféticos”, nem orações piedosas, nem qualquer outra prática litúrgica que dê jeito nisso. Enquanto as pessoas, em especial aquelas que se dizem cristãs, não perceberem que a solidariedade é um imperativo do Reino de Deus, as coisas não vão mudar. Enquanto acharem que escândalo é soltar um palavrão ou tomar uma cervejinha no fim do dia, os milhões vão continuar morrendo sob a mais diabólica indiferença do “rebanho”.


OBS: Texto publicado de Márcio Rosa (Betesda em Boa Vista - Roraima)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

FESTAS JUNINAS, A CULTURA NORDESTINA E A BÍBLIA



Nosso Brasil é um país lindo e culturalmente rico. Somos conhecidos pelas nossas expressões de arte: nosso futebol, capoeira, samba, carnaval e caipirinha. Mas, minha gente, nosso nordeste é forte mesmo é com o “forró”, de preferência (só minha?) o “pé de serra”.

Quando o forró aparece em cena? Talvez do forrobodó do final do século XIX, que, conforme o folclorista Luiz da Câmara Cascudo, seria a dança do arrasta-pé. Ou conforme se tornou conhecido com a imagem dos estrangeiros que conheceram os passos de uma dança tipicamente brasileira (nordestina) e logo entenderam que essa dança servia “para todos”, ou, como eles disseram, “for all”. Assim, os brasileiros que não entendiam o inglês adotaram o nome “Forró”. Todos se divertiam de forma harmoniosa e sem contenda.

Só que tem um monte de gente que se prende à possibilidade do pecado no forró como em qualquer dança. Mas, será que há pecado na dança ou em quem dança? Legitimamente a preocupação deveria ser o CUIDADO com a intenção do que se faz na vida, quer seja na dança, na alimentação, nos exageros, etc. O que há em seu coração como motivação é que te conduz. A Bíblia diz que devemos nos transformar pela renovação de nossa mente e assim conheceremos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12.2). Que, aliás, Deus mais parece um estraga prazeres. Você nunca se surpreendeu acompanhando com o pé, ao ouvir um forró com seu belo ritmo soando harmonicamente aos ouvidos? Não se culpe, Deus sabe que você tem sangue nordestino.

Outra coisa. Sabemos que o catolicismo romano adota as festas de “São João” e “São Pedro” nessa época. Sem querer provocar, penso que a igreja Católica, sabiamente, aproveitou a época da colheita agrícola para motivar seus fiéis à gratidão a Deus, mas, infelizmente, com a brecha da mediação dos santos homens de Deus, o que pode provocar mais do que uma homenagem aos santos homens que viveram no passado remoto.

De qualquer modo, entendo que nada há de estranho em aproveitarmos nosso espaço para curtirmos essa festa de forma sadia, lembrando de que, “quer comamos, bebamos, ou façamos qualquer coisa, que seja no Senhor” (I Coríntios 10.31), ou seja, como crentes não levianos, respeitando os que não concordam, não brincam, não curtem, não comem as comidas típicas; aliás, nem deviam comer, se não concordam com uma festa caipira.

Amo a mensagem de “São João Batista” quando se refere a Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Evangelho de João 1.29); e ainda quando “São Pedro” em sua revelação diz que: “Em nenhum outro há salvação, pois também, debaixo do céu, nenhum outro nome foi dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.12).

Nossa festa caipira, nada tem de idolátrica. Os santos do passado estão aos cuidados de Deus, não intercedem por nós, e não oramos a eles. O que nos resta é apenas aproveitar seus exemplos de vida e fé.

Então, minha gente boa, se não há por quê “brincar” as festas de “São João” ou “São Pedro”, há bons motivos para festejarmos a realidade das chuvas como equilíbrio das estações, as bênçãos das chuvas nos roçados de nossos irmãos agricultores; e, as primeiras colheitas desses roçados (milho, feijão, mandioca, etc).

Enfim, se em vez de importarmos idéias de outras culturas e nações estranhas à nossa, e passarmos a ler a Bíblia com as lentes de nossa cultura, creio que influenciaríamos mais aos nossos conterrâneos enquanto estes entenderiam melhor a mensagem desse Deus que se faz conhecido em sua linguagem.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O INFERNO GRITA: “Aqui não, gente!”


O grande pensador C. S. Lewis falando sobre a questão do inferno disse: “Não há nenhuma doutrina que eu removeria de mais bom grado do cristianismo do que isto, se eu tivesse o poder. Mas essa doutrina tem o pleno apoio das Escrituras, e sobretudo das próprias palavras do nosso Senhor”.

Sei que o pensamento bíblico sobre o inferno parece nos chocar sobremaneira, afinal, quem gosta de ver um Deus de amor prometendo inferno àqueles que lhe rejeitarem? É muito difícil assimilar algo tão sombrio de um Deus bom. Mas, o fato é que o céu e o inferno são as imagens que temos das opções espirituais que respingam em nossas atitudes diárias. É nisso que podemos ver a profundidade do amor. Não na questão da existência do inferno pra condenação sob o tridente do Diabo, mas como uma opção que pode ser descartada de nossas escolhas. O amor de Deus não existe sem a possibilidade de uma “total” liberdade.

Reflita comigo: Se é verdade que Deus é vida, paz, amor céu, paraíso, o bem, então a outra face da moeda nos leva à oposição de tudo aquilo que descrevemos, logo quando não escolhemos o bem, estamos nos distanciando desse bem, do amor, da paz e do céu, conseqüentemente nossa vida se aproxima do mal e de tudo aquilo que não é Deus.

A outra revelação da realidade do inferno é que Deus não nos leva pra lá quando pecamos, mas com nossos erros formamos um caminho que nos conduzem a esse inferno. Nossa casa se faz inferno quando nos conduzimos incoerentemente com a harmonia familiar. Nós plantamos o céu ou o inferno com nossas ações.

Por fim, o inferno nos parece um sinal de advertência quanto ao nosso presente. A distância entre o céu e o inferno nos lembra que nossa vez é aqui e agora e não depois da morte. Então, se quisermos o bem, a paz, o amor, a justiça... que plantemos hoje!

Não deixemos para tentar declarar o nosso amor depois que alguém morrer, nem para reclamar o não feito quando não for possível realizar. Isso pode gerar uma sensação de inferno. Hoje é o dia de promover o bem comum, a concórdia. Hoje é dia de provocar céu ao nosso redor. O inferno nos lembra a opção corajosa de tentar acertar o passo na estrada da vida.

É com a figura do inferno que somos lembrados que há um monte de lixo. Lixo de coisas que não temos que fazer, que não temos que nos envolver, e nem que tenhamos que nada. O inferno nos grita de um amor maior e de um caminho melhor. É uma velha bandeira empoeirada que lembra um caminho que gera a morte, tal qual a mensagem que nos desafia à coragem de dizer “não” por causa da opção de um mundão de vida com o Deus do Paraíso. O inferno é a contramão do amor e da vida – Deus está do outro lado. O inferno fede pelo que existe de pior e é de lá se ouve aos gemidos: “Aqui não, gente! Há outra saída!

Penso assim!

domingo, 15 de março de 2009

ESSE É O CARA!


Nossos dias são marcados pela necessidade de aparências. A corrida acirrada promovida pela carência e produção promove uma luta desequilibrada entre o currículo (capacitação) e performance (apresentação). Enquanto a sociedade tem caído na vala da ditadura da beleza, nossas empresas têm acreditado na mentira que contamos nas entrevistas com o sonho de não sermos descartados. Queremos ser o cara, o destaque. Essa performance tem nos transformado em pessoas infelizes e estressados.

No evangelho temos a idéia de como é um “cara”. Jesus, ao seu modo, chama João Batista de: “o cara”. Por que João Batista era o cara?

Talvez porque seu ideal (o Reino de Deus) estava acima de títulos ou de status. João falava a respeito de Jesus a quem lhe dava atenção. Ele dizia: “importa que Ele cresça e que eu diminua”. Ele não via Jesus como um concorrente, o cara não puxa o tapete de seu semelhante. O "cara" é aquele que não cultiva a presunção de ser quem os outros querem que ele seja, nem abre mão de ser que é.

João Batista era o "cara" porque não se utilizou de estereótipos de uma sociedade narcisista para se retratar como “o Tal”. Não teve que ser igual aos que usavam roupas finas (ou “de marca”). Ele viveu sua simplicidade de quem mora no deserto. Então, “cara”, independente de suas raízes, pode ser digno e cumprir seu papel com a convicção de quem é e de fazer o que é certo ou entende ser o certo.

Quero te desafiar, não a se tornar o "cara" de sua empresa, simplesmente pelo fato de ser o melhor..., mas que você se torne o cara apaixonado pelo projeto de amor de Deus como ideal para a sua vida e para a vida de quem se aproxima de você.

Quero desafiar você a ser um cara que cultiva a coragem de enfrentar aos dissabores da vida intuído pela certeza de quem tem te dado valor inestimável. Entendeu, cara? Presta atenção, você é um cara por quem Cristo se doou.

Quando me dei conta disso, revisei meus valores de vida. Em alguns casos mudei de atitude porque entendi que valia a pena cultivar raízes profundas no Pai amado que guarda esse “cara” no seu coração.

Pensa nisso também, cara!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

CARNAFOBIA


Vocês já perceberam como os argumentos que fazem apologia ao carnaval são totalmente contrários aos da maioria assombrosa dos crentes que lutam contra a “festa da carne”? Aliás, o termo “festa da carne” já indica um sentimento carnafóbico.

É bem verdade que são muitas as igrejas (protestantes e católicas) que fazem retiros na época do carnaval. Objetivo? O nome já diz. Ficar fora da folia e longe dos foliões. Se dedicam a cultos, dinâmicas devocionais e esperam baixar a poeira carnavalesca para voltarem a realidade cotidiana. Outras pessoas, não necessariamente, “crentes” ou religiosos também aproveitam o feriado prolongado para descansar, não é verdade?

Mas o que me chama a atenção é que a fuga do carnaval tem provocado um sentimento de carnafobia em muita gente. Com esse sentimento se alega o despudor das pessoas que não se envergonham da nudez; se aponta para a irresponsabilidade sexual que prolifera trazendo uma leva de desconforto nas famílias; se lembra da violência e desrespeito para com as pessoas e o trânsito devido ao excesso de bebidas alcoólicas e drogas não licenciadas. Sim, e ainda falam de demônios transitando na “avenida” incorporados nos puxadores de samba que cantam alguns hinos à entidades reconhecidas nos cultos afro-brasileiros.

Gente, sem querer ser carnal, mas com os pés no chão e o coração em Deus posso perceber nossa tendência a um farisaísmo hipócrita (pedindo perdão aos fariseus). Não quero dizer que tais argumentos (em parte) não façam sentido. Claro que temo a violência. Também percebo a licenciosidade sexual, e já ouvi os hinos do culto afro-brasileiro, que, só para lembrar, é a maneira que eles encontram para cultuar o que eles entendem dentro da espiritualidade deles. O pior dessas coisas que mancham o carnaval pode se dever aos excessos, bem como da distância que algumas pessoas se encontram do Deus amado da Bíblia. Mas não concluam que Deus é o “do contra” tudo que a gente gosta. Ele não é um Alguém chato que em nome de sua santidade execra de seu coração os foliões por mais exaltados que sejam. Por outro lado, o carnaval visto como festa cultural brasileira pode ser muito boa para quem deseja se divertir de forma ordeira e respeitosa tanto para quem busca se retirar para um culto mais ortodoxo.

Seria interessante levarmos em consideração os depoimentos das pessoas que se encantam com essa festa. Será que nossas lentes só enxergam o “mal”? Em nome do que entendemos ser a verdade bíblica, não há espaço de inclusão social despreconceituosa? Fala sério, se você pudesse extinguiria o carnaval e acabaria com toda a festa que você julga ser da carne, pagã ou imoral? Será que não precisamos lembrar que Jesus disse que deixasse crescer o joio junto ao trigo nos ensinando que a condenação não nos pertence?

Agora, cá pra nós. Vocês já se deram conta do tanto de gente boa e reconhecida como espiritual que, mais amena em relação à cultura, conseguimos flagrar vendo na televisão esse espetáculo em pleno retiro espiritual e ainda torcem pela escola de sua preferência? Afinal, você acha que temos que ser carnafóbicos para mostrar santidade?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O "BBB" E A VIDA CRISTÃ


Sinceramente não me esforcei para pesquisar sobre a motivação dos criadores do Big Brother Brasil. Mas, de vez em quando me flagro refletindo sobre o que acontece nesse programa. Observo os personagens e os conteúdos comportamentais. Sabemos que o que está em jogo ali é o prêmio final de hum milhão de reais. Realmente é muito dinheiro!

Sem tirar o foco do prêmio, me chama à atenção a sagacidade que o comportamento (des)humano denuncia. A revelação das nossas tendências não condizentes com o propósito cristão.

Notem que pouco a pouco a pressão da convivência embota os relacionamentos. A construção dos relacionamentos está recheada de interesses egoístas.

Mas, será que para obter sucesso na vida temos que puxar o tapete de alguém? Não há uma outra opção? Por que tantas coisas nos levam a pensar que Sartre tinha razão ao denunciar que “o inferno é o outro”?

No BBB os protagonistas usam e abusam da astúcia para colocar a mão no prêmio. Dão até tapinhas com choro de “tristeza” ou batem palmas na despedida de um concorrente (a menos).

Penso. Será que a coisa é tão diferente aqui fora? De vez em quando preferimos ter amizade com uma pessoa de nossa “classe social”, porque assim formamos as “panelinhas” com tampas fechadas.

Sim, e quem vai para o “paredão”? Quem será a pessoa “apontada”?

Primeiro, é aquela sobre quem evidenciamos nossa “superioridade”, demonstramos nossa insatisfação, vingança ou ojeriza. Depois vem aquela pessoa que queremos fora de nosso caminho e não temos coragem de assumir. Por isso a excluímos no oculto de nosso “confessionário”, na penumbra de nosso egocentrismo.

Puxa vida, o cristianismo prega exatamente o oposto desse sentimento que é explorado e semeado em nossa casa todos os dias. O BBB pode ser uma denuncia de nós mesmos. Nossa falsa moralidade exposta e nossa criatividade em usar mecanismos de repulsa da pessoa que é diferente de nós, a pessoa de difícil relacionamento.

O evangelho nos mostra Jesus que nos convida a trilhar o caminho do perdão, da outra chance, do encarar os problemas de frente, corajosamente.

Na verdade, o comportamento estranho do “diferente” é um grito por inclusão. Pessoas de difícil convivência têm uma reação que grita por socorro, não por um paredão; precisa de nós e não da nossa distância; da nossa oração e não da nossa proscrição.

O prêmio do BBB destrói toda a beleza de conviver com o diferente porque esse (prêmio) se torna o fim que justifica os meios. Esquecemos que na vida, o meio valoriza, amadurece, promove e fortalece o fim. Essa pedagogia do caminho nos aquilata a vida e suas relações.

Tenhamos cuidado com a mensagem anticristã que nos chega sorrateiramente e em pequenas doses nos tornando insensíveis. Afinal, precisamos orar: “Pai nosso, perdoa-nos, ASSIM COMO perdoamos...”(!?) UI!

Que o verdadeiro BIG BROTHER nos guie pela senda da comunhão, na qual tudo faremos para sermos irmãos e não concorrentes!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

VULNERABILIDADE DOS CRENTES

O cenário da igreja evangélica parece não ter conserto. Parece que quando penso que chegamos no fundo do poço sou surpreendido com mais alguns metros p/ descer na lama. É lamentável a tragédia ocorrida no templo da Renascer, mas, é tão triste quanto qualquer outra tragédia.

Talvez os "crentes" sintam uma estranheza ou uma sensação diversa por estarem acostumados a "livramentos" e "milagres". Muitos acostumados - ou programados - a pensar que são "cabeça" e não "cauda", são abalados com um evento como esse que testemunhamos.

Suas mentes moldadas nessa teologia da imunidade entram em "parafuso" quando são despertos para a realidade. Que realidade? Que o Sol brilha para justos e injustos e a tempestade alcança tanto estes como aqueles.

Então onde está, de fato, a diferença para nós cristãos? A diferença não está na manipulação da realidade... nem no mover do "espiritual" em nosso favor no sentido de nos tornar blindados aos infortúnios da vida. O diferencial está - ou deveria - em nossos corações, em nosso caráter como servos e discípulos de Cristo. Que como tais, podem tudo Naquele que os fortalecem. De maneira que, são capazes de suportar pela fé a pobreza, o sofrimento, a tragédia, a injustiça e a escassez... e na mesma Força são capazes de permanecer fortes e fiéis na riqueza, na alegria, no conforto, na justiça e na abundância!

Nota-se então, que o que nos diferencia dos que não são de Cristo, não é como inferimos na realidade, nos eventos aleatórios ou no mundo ao nosso redor, mas como estes nos afetam ou não ao ponto de fazer emergir a transformação que o Evangelho deve produzir em nós.O acidente com a Renascer só nos mostra que somos tão vulneráveis quanto todos. E que são em momentos assim que devemos florescer Cristo dentro de nós em humildade e oração.

Postado por Thiago Mendanha (Em pavaBlog)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

ESTRELAS E COMETAS


Eu morei no sertão do Ceará. Um dia desses, faltando energia, ficamos assentados numa cadeira de balanço conversando e olhando a beleza do céu estrelado. Era a época que muito se falava em cometas que passavam no céu.

Hoje, esse meu sentimento nostálgico também se processa pedagogicamente em meu ser. As pessoas que cruzaram nossas vidas, que nos impressionaram com sua existência e outras que se apresentaram e logo desapareceram, me levaram a catalogar alguns personagens como estrelas ou cometas.

Infelizmente tanta gente perde a oportunidade de brilhar mais intensamente com sua permanência, brilho, certeza de presença sem a insegurança que torna o relacionamento passageiro permitindo faltar a beleza de um bom entrosamento e cumplicidade.

As pessoas cometas brilham, mas passam e deixam apenas a lembrança cronológica e a possibilidade de um “quem sabe!” Elas passam pela vida da gente apenas por um instante. Esperamos, mas elas não se prendem a ninguém. Não conseguem fixar uma amizade. Apenas passam pela vida e deixam a lembrança que poderiam iluminar melhor, aquecer mais, e marcar presença duradoura.

Ainda bem que é possível ainda encontrar pessoas estrelas que brilham e permanecem. Que gostam de marcar presença, e que valorizam o estar junto. Tornam-se luzes e são calorosas, embelezam a vida. Ser amigo de verdade é ser uma estrela. Ainda que surjam e passem os anos ou aconteçam as distâncias, sempre há espaço para um brilho que marca a alma.

Os cometas enamoram e frustram porque parecem prometer o que não conseguem cumprir. O tempo lhe é medido sem admitir um prazo de validade numa existência relacional passageira. Os aplausos lhe beneficiam, mas não lhe compunge a alma. Tudo lhe é passageiro, supérfluo e apenas vaidade.

O cometa não consegue ser amigo verdadeiro. O cometa não valoriza sentimentos, se aproveita das pessoas e das situações. O cometa faz acreditar e desacreditar ao mesmo tempo. O resultado de uma vida de cometa é a solidão porque não conta nem quer contar com ninguém.

Urge a necessidade de criar um mundo de estrelas. Na escuridão perceber sua presença, sentir seu brilho, contar com sua energia. Compartilhar de sua luz e calor. Uma esperança se renova a cada percepção de estrela que brilha em nossas noites escuras. As estrelas nos garantem permanecer até que o sol venha raiar no horizonte de nossa existência. Elas ecoam esperança em tempo de desânimo. Os cometas são belos, mas é um perigo confiar até em suas caldas. Não quero isso pra minha vida.

Prefiro ter o peso intenso das estrelas que marcam presença. Quero viver construindo e celebrando a história dos que fincam estacas. Quero promover luz, vida e amor. Com isso tentar acalorar alguns corações, ainda que veja a possibilidade de me decepcionar com algum suposto brilho.

Acredito que se nós nos dedicarmos em fazer nosso dever de casa, de sermos residentes de uma grande casa e de sermos casa para outros, contaremos com a chance de ser e ver alguém como estrela de nossa constelação. Assim, quem sabe, cresça o número daqueles que vivem e não apenas passem pela vida!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

2009, UMA ESPERANÇA QUE SE RENOVA


Já prestaram a atenção como se torna repetitivo o “lenga-lenga” de todos os inícios de ano? Queremos reavivar os sonhos e desejamos aos nossos amigos e familiares que eles se realizam e por ai vai nosso “blá, blá, blá”. "Pra você também!"

2009 chegou praticamente como os outros anos que vieram antes. Cheio de esperança para um coração que parece ter ficado insatisfeito com o ano que se passou. O ano novo tem essa magia. Ele reascende a alma reticente trazendo uma nova oportunidade de lutar com novas perspectivas baseadas na fé que se recria no interior de quem ama a vida.

Algo parecido aconteceu num dia em que um homem cego, informado que Jesus ia passando pela estrada onde vivia à beira do caminho pedindo esmolas. Ele gritou por salvação. “Tem misericórdia de mim!” e a pergunta de Jesus marca esse encontro: “Que você quer que eu lhe faça?” ao que ele respondeu: “Eu quero ver”.

Aquele homem foi salvo de sua cegueira e a primeira coisa que ele viu foi seu sonho salvador. Estava começando uma nova era em sua vida. Agora com uma nova visão e nova percepção da vida, dos amigos, da família e principalmente que era possível vencer.

Agora, penso, e se a pergunta de Jesus fosse colocada na boca daquele homem? Não uma pergunta interesseira de vantagens, mas uma pergunta que procede de um coração grato e disposto a fazer algo em prol do Deus de sua vida. Não que Deus precise ser bajulado com nossas boas obras, mas seria interessante lhe perguntar: “O que o Senhor quer que eu lhe faça?”

Isso significaria sair do nível comum do interesse egocêntrico e da vantagem egoísta para o nível da gratidão e disposição. Trocar o sonho do homem pelo sonho de Deus, a visão do homem pela visão de Deus.

O que poderia acontecer com essa disposição? Talvez o único interesse de Deus seria aproximar nosso coração ao coração de Jesus. Isso é tudo. É o suficiente para sermos transformados de fé em fé, graça em graça e glória em glória.

Estamos no início de 2009. A nossa agenda está em branco esperando para nos colocarmos nos dois lados. O lado de quem clama para ser alcançado por sua misericórdia e enxergarmos a vida como ela é. E o lado corajoso que grita ao seu Senhor: O que o Senhor quer que eu lhe faça nesse ano?

Diante do que já vi e vivi, eu prefiro sair do campo interesseiro da vantagem para ousar demonstrar minha gratidão e disposição de ser mais um dos que ousam se colocar na lista dos que abençoam e lutam “para curar um mundo fraturado”!

Tudo bem, nem sei mesmo, de verdade, o que ele poderia me responder. Vou, pelo menos, e isso com dedicação tentar viver bem, viver o bem, fazer o bem, seguindo o que entendo ser seus passos; ouvir, o que entendo ser sua voz; e assim, penso, vivendo o ser filho de Deus.
Essa é a esperança que se renova em meu peito!