sábado, 24 de dezembro de 2016

SINALIZANDO AMADURESCIMENTO

Amadurecimento não é algo que deve acontecer como num passe de mágica. Sabemos que há métodos rústicos para maturação de frutas, a exemplo de cachos de bananas no “carbureto”, mas na vida real da gente não é assim. Também tenho percebido que amadurecimento não é constatado facilmente. Geralmente, algo acontece como gatilho gerando uma reação que pode ser  detectada como madura ou não.

O comportamento humano diante da pressão, geralmente depende do estado de espírito. É complicado até mesmo para os mestres da psicologia comportamental do calibre de John B. Watson, pai do “behaviorismo”, ou Maria Amélia Matos. A ideia é que “toda ação positiva, gere uma reação positiva e, toda ação negativa gere uma reação negativa”. Essa é uma marca universal quando se entende que não dá para colher feijão quando a semente for abóbora, mas há um desafio interessante no caminho da cristandade que quebra essa mentalidade do “toma –lá-dá-cá” no pé de igualdade. Trata-se de uma reação madura modificada pelo sentido do bem comum. Entendemos que quando quebramos o ciclo do ódio, do estresse, ou da maldade de modo geral, o amor vence. Isso sinaliza um amadurecimento do caminhar cristão.

Isso não significa deixar de lutar contra o mal, nem sinalizar desgosto diante da malignidade humana. Na verdade, o desafio é buscar brechas onde o comportamento do bem, do que é de paz, viabilize a vida e a esperança de um mundo melhor.

Isso requer mais do que palavras ou vontade. Você pode ter vontade de reagir com o bem a despeito do ódio que sente, mas o que vai te fazer tomar atitude contrária ao desejo de vingança é sua maturidade vivenciada com o espírito do Emanuel (Deus conosco), em suas atitudes recheadas de perdão, luz, amor e vida.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

DEUS E O MAL QUE ME AFLIGE

Dentre as questões mais loucas da humanidade, está a relação entre o Deus de amor, que é Todo Poderoso e o sofrer humano. Essa é uma questão antiga que, de tempos em tempos, reaparece com força diante da razão humana.

Será que tenho que admitir que Deus é essencialmente bom quando percebemos a maldade e a dor no mundo? Por que Deus não impede os desastres e a injustiça? Se, de fato ele existe e é justo, porque os maus prosperam diante dos bons que sofrem? Que tipo de Deus, reconhecido como amor e poder, permitiria um filho ser colhido pela foice da morte deixando seus parentes e amigos no sofrimento?

Ao nosso intelecto não passa em branco o pensamento que há algo estranho nessa relação. Grandes pensadores já se debruçaram diante dessa questão chamada de “Teodiceia”, que é “justiça de Deus”, do filósofo Alemão Gottfried Leibniz em 1710. Um dia desses foi Lex Luthor no filme “O Superman” que questionou: “Se Deus é todo poderoso ele não pode ser inteiramente bom, e se é inteiramente bom, não pode ser todo poderoso”.

Não dá para responder essas questões, mas também não vamos tapar o sol com a peneira, sendo simplistas diante do pesar humano. Claro que em muitos casos somos nós os responsáveis pela dor e sofrimento; quando não valorizamos a vida própria e nem a do próximo. Mas, o sofrimento vai além das irresponsabilidades humanas; basta lembrar de catástrofes naturais, os tsunamis, os tremores de terra, etc.

O que precisamos guardar como verdade diante disso tudo é que o sofrer faz parte da condição livre do ser humano. Deus não interfere nessa condição de liberdade, porque é nosso dever de casa cuidar da nossa vida e da vida de nosso planeta, nossa casa comum. A liberdade do ser humano não será pode ser cerceada diante de suas escolhas do bem ou do mal. E, não se iluda com a possibilidade de ser poupado das consequências do mal alheio, ou de ser poupado de algum desastre mediante a ação sobrenatural. O que acontece, acontece na aventura da vida comum.

Mas, não se preocupe com essa relação com Deus que pode te parecer improdutiva, já que se esperava que ele te poupasse da sor. E, se Deus não poupa ninguém do sofrimento, nos resta confiar em seu amor que nos impele ao bem, apesar de todo mal. Não gaste energia para entender o sofrer, pois isso faz parte da aventura humana.

Uma coisa você pode está certo, Deus é amor e esse amor nos fortalece diante da dor, e te faz saber que está mais próximo do que você imagina. Ele não te desampara diante de tudo aquilo que te fere.


Então mude o pensamento de que Deus está no controle de todas as coisas para Deus está comigo diante de todas as questões da vida, porque quando você entende que Deus está no controle, você tira a responsabilidade de um possível responsável. Não é Deus que está no dedo que atira à revelia e atinge um inocente; não é Deus que está no volante de um carro com um motorista bêbado que atropela uma pessoa na calçada de casa; não é Deus que está no controle de um piloto que, para economizar, pilota uma aeronave no limite de sua condição e acaba matando dezenas de sonhadores na véspera de sua realização. Não, o nosso Deus é amor e chora junto o sofrer humano, e trabalha nas mãos e cuidados dos médicos, enfermeiros, bombeiros que trabalham para tentar resgatar pelo menos mais um com vida!

A RELIGIÃO DE JESUS

Começo lembrando a você que Jesus tinha (seguia) uma religião, Jesus não era cristão, ele era judeu. A relação de Jesus com o judaísmo era um tanto quanto conflitante porque sua visão de religião era diferente das mentes dos seus críticos.

Os religiosos da época de Jesus valorizavam mais a letra das sagradas Escrituras do que a vida com sua dignidade. Por algumas vezes, podemos ver que eles queriam que se cumprisse o teor rigoroso da lei a despeito da vida, por isso exigia o cumprimento da lei que, de acordo com o raciocínio de Jesus, não estava em prol da vida, já que a letra rígida mata.
Para Jesus, a religião devia seguir um ritmo de compaixão que ultrapassava a rigores da sã doutrina. Diante disso, não dá para imaginarmos Jesus lutando contra as normas ou doutrinas, mas ele era contra tudo que se traduzia em não-vida. Tudo o que negava a dignidade humana, tudo o que negava a vitalidade humana era também negado por Jesus.

Para Jesus, a vida humana com dignidade era mais importante do que coisas. Ele não coisificava as relações, mas gerava vida através delas. Vida essa que consagrava a humanidade que sofria com a possibilidade de refazer sua história.

Essa esperança era vivenciada no seu dia-a-dia de forma que as pessoas que estivessem ao seu alcance, se percebiam diante do amor, diante da compaixão divina que se antecipava para atender ao clamor dos oprimidos.

Na religião de Jesus todos são aceitos e desafiados a se tornarem extensão de amor para um mundo melhor.


É isso que quero para minha vida. É isso que quero para você!

O SENHOR É MEU PASTOR

Facilmente fazemos da mensagem bíblica, uma redoma do que é ideal, e pode ser que não tem correspondido à realidade do cotidiano, a não ser dentro da ambiência religiosa.

Quando o poeta bíblico se sentiu inspirado para escrever o Salmo 23, o qual a maioria de nós sabe decorado desde a infância, acredito que não passou de um momento de reflexão que nasceu do cotidiano pastoril, mas hoje entendemos como palavra de Deus.

O que entendemos como palavra de Deus, não é o fato de rezarmos de cabeça o texto bíblico, mas se dá na encarnação de sua mensagem, afinal, palavra de Deus é palavra viva que se torna carne no cotidiano pessoal e coletivo. Essa palavra é capaz de transformar o interior enquanto se nota a capacidade de reação diante da vida pelo teor de sua mensagem como a atenção de Deus pastor que se faz presente e que se torna suficiente para preencher os espaços espirituais do ser humano.

Nessa conscientização de presença vívida, perdemos o medo de viver a vida com suas demandas por causa do amor que lança fora todo o medo. A situação adversa é desafio de enfrentamento pela coragem existencial que é capaz de, transformados, transformarmos o meio em estamos inseridos. Até mesmo nos fazermos acessíveis àqueles que nos são contrários e, de coração disposto a refazer a vida, seguimos adiante na condição influenciadora do bem, motivado pelo pasto de luz, vida e amor. Se isso não for verdade, ou se não houver apelo para se tornar verdade, de pouco ou nada adianta o saber de cor. Nesse caso, precisamos rever essa palavra viva que é transformadora do interior, e, enquanto estamos sendo transformados, somos levados pelo poder influenciador da consciência de uma presença essencial para a vida que se motiva para o bem.