domingo, 16 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
E O VERBO SE FEZ CARNE
Grandes pregadores entraram para a história, não só por
causa do conteúdo de suas mensagens, mas por causa do poder da oratória.
Ainda lembro que empolgado vi o Dr. Billy Graham
arrebatando multidões e quando cheguei à Betesda ouvi o mestre Ricardo Gondim.
No clássico “Heróis da fé”, Orlando Boyer relaciona 20
grandes heróis da fé. Dentre eles: Charles Spurgeon, John Wesley, Jerônimo
Savonarola, D.L.Mood, Charles Finney... grandes oradores.
O valente Martin Luther King Jr., que luta contra a
segregação racial e prega seu famoso sermão: “Tenho um sonho”.
Aliás, a mensagem que nasce da luta é mais empolgante e
mais verdadeira porque não se trata de palavras lançadas ao ar, mas, independente
da retórica, são palavras que refletem uma realidade histórica, reflexo de um
ideal.
Interessante é que, para uns a comunicação é tão normal e
fluente que parece ser um dom desde a infância. Faz parte da pessoa. Já para
outros, com uma boa leitura, um conhecimento bíblico básico somado a algumas
técnicas conseguem dominar a arte da homilética.
Agora, cá pra nós, quando ouvimos um candidato político
na TV a gente fica duvidando da fala da pessoa que cuja atitude lhe contradiz a
retórica, ou seja, por mais bela que seja a fala, quando esta destoa da
prática, cai em descrédito.
O mesmo vale para os pregadores. Eles ficam
desacreditados quando a prática ou a vida contradiz sua mensagem.
Claro que entendo que a mensagem é maior do que o
pregador, pois é o ideal. É também a busca do próprio líder, pregador,
mensageiro.
Quer um exemplo mais claro?
Jesus perdoou um monte de gente:
No ato de sua prisão acudiu o soldado machucado ainda que
continuasse preso; ao que o negou foi concedido nova chance; ao que o traiu foi
concedido a oportunidade de revisão; até à multidão que o condenou e o matou,
ele perdoou; a todos aqueles que o abandonaram no pior momento foram visitados
pelo seu perdão e graça.
Eu podia me estender falando desse perdão até chagar a
mim e a você. A mensagem sobre o perdão é linda. O poder perdoador é libertador
e é uma maravilhosa mensagem. “Não se esqueça de seus benefícios. É ele quem
perdoa seus pecados e quem sara suas feridas.”
Gente, não é tão difícil falar sobre algo empolgante,
principalmente quando estou do lado de cá, do lado da vantagem, fidelidade,
amor, céu. Quando ainda não fui afetado.
Mas, e se fosse comigo?
Em relação a Jesus, o verbo que se fez carne e vimos a
sua glória. Mas, em relação a mim, o verbo continua verbo, palavra, retórica. É
provável que eu mesmo ainda não tenha conseguido me ouvir. Consigo falar,
pregar, aconselhar, mas não consegui ouvir o que disse ou digo. Falei ao outro,
mas ainda não falei a mim mesmo.
A carne pretende se fazer verbo, mas o verbo não consegue
se fazer carne, logo não há glória. A glória só faz sentido na história da
nossa humanidade. A glória só foi vista quando o verbo se fez carne/história.
É muito fácil pregar sobre o amor, sobre o perdão, sobre
a fidelidade e não fazer nenhum sentido para mim pelo grau de dificuldade em
lidar com essas carências.
Apesar de a mensagem ser um ideal, logo ser maior do que
a minha prática, eu preciso me resolver, buscar me aproximar da mensagem. Do
contrário estou vivendo uma hipocrisia religiosa.
Se meu ministério é levar a palavra de salvação, de cura,
de libertação, de perdão para o outro, meu desafio é proporcional a essa
mensagem. Meu desafio é experienciar essa mesma palavra na minha caminhada de
vida. O verbo precisa se fazer carne, se fazer história em mim para que a
glória se revele.
Mas, que glória?
A glória do Pai que confere a beleza do filho refletindo
na carne a sua palavra que não voltou vazia, mas se fez concretude na caminhada
desse filho. Isso é glória, isso é honra, isso é verbo feito carne e fazendo
história... história de um filho parecido com o pai, cheio de graça e de
verdade.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
QUEM VOCÊS DIZEM QUE EU SOU?
Desde cedo aprendi a ler a bíblia. Sou da época da bíblia
mirim. Aprendi a ver Jesus como o salvador do mundo. O herói dos heróis.
Quando criança eu me encantava com o filho de Deus que
obedecia aos seus pais. Ele parecia está sempre rodeado de ovelhas. Eu me
sentia uma delas.
- Jesus era o amigo das crianças e dos animais.
À proporção do meu crescimento já percebo um Jesus
diferente. Ele é exigente da obediência e dizia que, no Reino do Pai é melhor
entrar com um só olho do que com dois olhos no inferno. Esse inferno esperava
aqueles que teimavam olhar para as mulheres com desejo. E eu morria de medo
porque não sabia quando desejava ou quando estava só apreciando uma beleza.
Nessa época, a libido era meu problema. Os hormônios se
afloravam em minha jovialidade e eu temia passar a eternidade no inferno. Até a
polução me aterrorizava. Enfim, sobrevivi.
- Jesus era o justo juiz que pune pecados e pecadores (era
amor, mas também justiça).
Com o tempo, minha leitura ficou focada no poder milagroso
de Jesus. Era o Deus que faz, o todo poderoso, o Deus do impossível.
Afinal, quem podia realizar as maravilhas registradas na
bíblia? (Exemplo: cegos, leprosos, paralíticos, mortos, bem como poder para
multiplicar pães e paralisação do poder da tempestade). É difícil tirar essa visão. Poder sobre a
natureza, poder sobre as doenças, poder sobre a vida e sobre a morte. Nesse
tempo aprendi que só fica doente quem não for fiel.
- Jesus era o poderoso milagreiro, reflexo da providência.
Essas percepções ainda são comuns para muita gente. Tudo
isso faz parte do entendimento. São percepções que nascem de acordo com o
estado de espírito ou de acordo com a necessidade da pessoa.
Quem é Jesus para o “povo”? Eu faço parte desse “povo?” Sim,
mas quem é Jesus para mim?
Bem, já há um bom tempo tenho lido e relido a bíblia.
Percebi o quanto tenho caricaturado Deus, o quanto tenho caricaturado Jesus.
Precisei rever meu conceito sobre Deus a partir deu uma
releitura da bíblia. Foi então que conheci o maravilhoso Jesus. Não era mais um
Deus transvestido de homem. Também não era um Deus que se escondia por trás da
limitação humana.
Jesus é o o homem em quem se encerra o poder divino – o
Cristo. Aquele que se desgasta em amor. É movido por amor. Por amor se gasta
para salvar o povo de seus pecados. Sendo Jesus a máxima expressão de Deus,
sobre si questionam: “Não é este o filho
de José?”
Sim, é como filho de José, como humano que sofre e se
compadece e que assume a vida com toda a demanda. Ele é o filho de José, que
sendo tão humano só poderia ser reconhecido como o filho de Deus.
O BARATO QUE SAI CARO
Promoção é uma condição de vantagem, ou de facilidade. Uma
atração por causa da concessão de um desconto ou por uma facilidade de
pagamento. A maioria de nós gosta de promoção.
Por causa da dinâmica de nossos dias não temos tempo e o
pouco que temos não queremos perder. Talvez por isso ficamos viciados ao
imediatismo. “Rápido. Não temos o dia todo”.
Ex: Antes íamos ao banco, depois usamos o caixa eletrônico.
Hoje a maquineta vem a nós ou usamos a internet banking... por enquanto. “O
tempo é ouro!”.
Você pode conferir comigo: É horrível gastar tempo na fila;
é um horror nosso congestionamento de cada dia. É doloroso a espera para ser
atendido no hospital.
E o que falar do serviço interminável do pedreiro? E ainda
tem caso que demora ser resolvido na justiça.
É então que surge a ideia do “jeitinho brasileiro”. A busca
de vantagens para economizar dinheiro, tempo e esforço. Esse tipo de promoção
pode trazer sérias consequências. É o barato que sai caro.
É a roupa mais barata que mal resiste à primeira lavagem; é
o carro velho mais barato que você descobre que estava com seus dias contados;
é o móvel lindo que não aguenta a mudança; é a madeira mista para o telhado que
só serviu para proliferação do cupim; ou a reforma da casa que negociamos com
alguém que cobra mais barato, mas que ganha tempo e não termina a obra e você
fica no prejuízo.
Aliás, Jesus usa a metáfora da construção da casa para
apontar a construção da nossa vida.
Ele fala de uma casa de construção fácil e rápida (sobre a
areia), e de uma casa construída sobre a rocha (o que demanda mais tempo, maior
esforço e por certo, maior gasto).
Muitas vezes preferimos as coisas fáceis, mais rápidas e que
se aprontam mais cedo sem perceber que pode ser apenas uma maquiagem. Sem
durabilidade, sem consistência diante da crueza da vida.
Quando cantávamos na nossa comunidade:
“Onde eu estiver, a rua bênção me seguirá//Onde eu puser a
planta dos meus pés, possuirei.
Os meus celeiros fartamente se encherão,//Pois sobre mim há
uma promessa.
Prosperarei, transbordarei para a direita e para a esquerda,//À
minha frente e para trás.
Por todo lado sou abençoado.
Toda sorte de bênção o Senhor preparou para mim...”.
Resultado: Casa cheia.
Mas logo percebi que essa promoção não tinha consistência na
vida do povo. Não dava liga com a realidade do dia a dia. Coisas difíceis
continuaram acontecendo: casamento desfeito, roubos, abalroamento, causa
perdidas, falecimento, sofrimento em geral.
Eu estava enganando o povo. E o povo se enganando.
A pergunta ficou no ar: “Onde erramos?”
Então passei a repensar meus conceitos, refleti e passei a
ensinar diferente. Muitos não gostaram. Tudo bem, a vida é dura. O barato sai
caro.
Muita promoção bonita e imediatista não passa de um sonho do
nosso coração ganancioso.
Desconfie de todo testemunho que defende uma espiritualidade
que oferece atalho para a bênção ou que exclui a dor. Essa promoção é o barato
que pode sair muito caro.
Jesus nos convida a reaver a nossa vida para que não sejamos
surpreendidos pela crueza da vida e saiamos machucados.
Na falta de consistência acabamos nos frustrando. E, não
adianta tapar o sol com a peneira. Não adianta dizer: “Deus é quem sabe”. Isso
é indiscutível tanto quanto a realidade de você também saber que o barato pode
sair caro.
Cuidado com esses atalhos em nome da fé. Muito da nossa
espiritualidade pode ser apenas maquiagem com consequência frustradora. Uma
espiritualidade que não resiste às tempestades da vida.
Pense nisso: busque uma espiritualidade que te proporcione
coragem para enfrentamento da vida. E, abra do olho, pois, o barato pode sair
muito caro para você.
O barato que sai caro é viver uma espiritualidade de
retórica sem engajamento com os valores do Reino de Deus. Valores que dão
sentido e sustentação à vida cristã.
Quer um exemplo? Jesus. Ele viveu essa espiritualidade e nos
fez ver que é possível acertar o passo ao seu. É possível levar a vida a sério,
ainda que essa vivência seja mais intensa e mais dispendiosa. Mas, vale a pena
vive-la sem atalhos, sem queimar etapas.
Viver é bom demais para se desgastar em atalhos ou procurar
promoções ilusórias.
Então, viva intensamente a sua vida com coragem e autodoação. Essa é uma vivência que faz sentido e que se aproxima da vida do filho de Deus.
Assinar:
Postagens (Atom)