Desde cedo aprendi a ler a bíblia. Sou da época da bíblia
mirim. Aprendi a ver Jesus como o salvador do mundo. O herói dos heróis.
Quando criança eu me encantava com o filho de Deus que
obedecia aos seus pais. Ele parecia está sempre rodeado de ovelhas. Eu me
sentia uma delas.
- Jesus era o amigo das crianças e dos animais.
À proporção do meu crescimento já percebo um Jesus
diferente. Ele é exigente da obediência e dizia que, no Reino do Pai é melhor
entrar com um só olho do que com dois olhos no inferno. Esse inferno esperava
aqueles que teimavam olhar para as mulheres com desejo. E eu morria de medo
porque não sabia quando desejava ou quando estava só apreciando uma beleza.
Nessa época, a libido era meu problema. Os hormônios se
afloravam em minha jovialidade e eu temia passar a eternidade no inferno. Até a
polução me aterrorizava. Enfim, sobrevivi.
- Jesus era o justo juiz que pune pecados e pecadores (era
amor, mas também justiça).
Com o tempo, minha leitura ficou focada no poder milagroso
de Jesus. Era o Deus que faz, o todo poderoso, o Deus do impossível.
Afinal, quem podia realizar as maravilhas registradas na
bíblia? (Exemplo: cegos, leprosos, paralíticos, mortos, bem como poder para
multiplicar pães e paralisação do poder da tempestade). É difícil tirar essa visão. Poder sobre a
natureza, poder sobre as doenças, poder sobre a vida e sobre a morte. Nesse
tempo aprendi que só fica doente quem não for fiel.
- Jesus era o poderoso milagreiro, reflexo da providência.
Essas percepções ainda são comuns para muita gente. Tudo
isso faz parte do entendimento. São percepções que nascem de acordo com o
estado de espírito ou de acordo com a necessidade da pessoa.
Quem é Jesus para o “povo”? Eu faço parte desse “povo?” Sim,
mas quem é Jesus para mim?
Bem, já há um bom tempo tenho lido e relido a bíblia.
Percebi o quanto tenho caricaturado Deus, o quanto tenho caricaturado Jesus.
Precisei rever meu conceito sobre Deus a partir deu uma
releitura da bíblia. Foi então que conheci o maravilhoso Jesus. Não era mais um
Deus transvestido de homem. Também não era um Deus que se escondia por trás da
limitação humana.
Jesus é o o homem em quem se encerra o poder divino – o
Cristo. Aquele que se desgasta em amor. É movido por amor. Por amor se gasta
para salvar o povo de seus pecados. Sendo Jesus a máxima expressão de Deus,
sobre si questionam: “Não é este o filho
de José?”
Sim, é como filho de José, como humano que sofre e se
compadece e que assume a vida com toda a demanda. Ele é o filho de José, que
sendo tão humano só poderia ser reconhecido como o filho de Deus.
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