quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

E O VERBO SE FEZ CARNE

Grandes pregadores entraram para a história, não só por causa do conteúdo de suas mensagens, mas por causa do poder da oratória.

Ainda lembro que empolgado vi o Dr. Billy Graham arrebatando multidões e quando cheguei à Betesda ouvi o mestre Ricardo Gondim.

No clássico “Heróis da fé”, Orlando Boyer relaciona 20 grandes heróis da fé. Dentre eles: Charles Spurgeon, John Wesley, Jerônimo Savonarola, D.L.Mood, Charles Finney... grandes oradores.

O valente Martin Luther King Jr., que luta contra a segregação racial e prega seu famoso sermão: “Tenho um sonho”.

Aliás, a mensagem que nasce da luta é mais empolgante e mais verdadeira porque não se trata de palavras lançadas ao ar, mas, independente da retórica, são palavras que refletem uma realidade histórica, reflexo de um ideal.

Interessante é que, para uns a comunicação é tão normal e fluente que parece ser um dom desde a infância. Faz parte da pessoa. Já para outros, com uma boa leitura, um conhecimento bíblico básico somado a algumas técnicas conseguem dominar a arte da homilética.

Agora, cá pra nós, quando ouvimos um candidato político na TV a gente fica duvidando da fala da pessoa que cuja atitude lhe contradiz a retórica, ou seja, por mais bela que seja a fala, quando esta destoa da prática, cai em descrédito.

O mesmo vale para os pregadores. Eles ficam desacreditados quando a prática ou a vida contradiz sua mensagem.

Claro que entendo que a mensagem é maior do que o pregador, pois é o ideal. É também a busca do próprio líder, pregador, mensageiro.

Quer um exemplo mais claro?

Jesus perdoou um monte de gente:

No ato de sua prisão acudiu o soldado machucado ainda que continuasse preso; ao que o negou foi concedido nova chance; ao que o traiu foi concedido a oportunidade de revisão; até à multidão que o condenou e o matou, ele perdoou; a todos aqueles que o abandonaram no pior momento foram visitados pelo seu perdão e graça.

Eu podia me estender falando desse perdão até chagar a mim e a você. A mensagem sobre o perdão é linda. O poder perdoador é libertador e é uma maravilhosa mensagem. “Não se esqueça de seus benefícios. É ele quem perdoa seus pecados e quem sara suas feridas.”

Gente, não é tão difícil falar sobre algo empolgante, principalmente quando estou do lado de cá, do lado da vantagem, fidelidade, amor, céu. Quando ainda não fui afetado.

Mas, e se fosse comigo?

Em relação a Jesus, o verbo que se fez carne e vimos a sua glória. Mas, em relação a mim, o verbo continua verbo, palavra, retórica. É provável que eu mesmo ainda não tenha conseguido me ouvir. Consigo falar, pregar, aconselhar, mas não consegui ouvir o que disse ou digo. Falei ao outro, mas ainda não falei a mim mesmo.

A carne pretende se fazer verbo, mas o verbo não consegue se fazer carne, logo não há glória. A glória só faz sentido na história da nossa humanidade. A glória só foi vista quando o verbo se fez carne/história.

É muito fácil pregar sobre o amor, sobre o perdão, sobre a fidelidade e não fazer nenhum sentido para mim pelo grau de dificuldade em lidar com essas carências.

Apesar de a mensagem ser um ideal, logo ser maior do que a minha prática, eu preciso me resolver, buscar me aproximar da mensagem. Do contrário estou vivendo uma hipocrisia religiosa.

Se meu ministério é levar a palavra de salvação, de cura, de libertação, de perdão para o outro, meu desafio é proporcional a essa mensagem. Meu desafio é experienciar essa mesma palavra na minha caminhada de vida. O verbo precisa se fazer carne, se fazer história em mim para que a glória se revele.

Mas, que glória?

A glória do Pai que confere a beleza do filho refletindo na carne a sua palavra que não voltou vazia, mas se fez concretude na caminhada desse filho. Isso é glória, isso é honra, isso é verbo feito carne e fazendo história... história de um filho parecido com o pai, cheio de graça e de verdade.

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