Ainda lembro que empolgado vi o Dr. Billy Graham
arrebatando multidões e quando cheguei à Betesda ouvi o mestre Ricardo Gondim.
No clássico “Heróis da fé”, Orlando Boyer relaciona 20
grandes heróis da fé. Dentre eles: Charles Spurgeon, John Wesley, Jerônimo
Savonarola, D.L.Mood, Charles Finney... grandes oradores.
O valente Martin Luther King Jr., que luta contra a
segregação racial e prega seu famoso sermão: “Tenho um sonho”.
Aliás, a mensagem que nasce da luta é mais empolgante e
mais verdadeira porque não se trata de palavras lançadas ao ar, mas, independente
da retórica, são palavras que refletem uma realidade histórica, reflexo de um
ideal.
Interessante é que, para uns a comunicação é tão normal e
fluente que parece ser um dom desde a infância. Faz parte da pessoa. Já para
outros, com uma boa leitura, um conhecimento bíblico básico somado a algumas
técnicas conseguem dominar a arte da homilética.
Agora, cá pra nós, quando ouvimos um candidato político
na TV a gente fica duvidando da fala da pessoa que cuja atitude lhe contradiz a
retórica, ou seja, por mais bela que seja a fala, quando esta destoa da
prática, cai em descrédito.
O mesmo vale para os pregadores. Eles ficam
desacreditados quando a prática ou a vida contradiz sua mensagem.
Claro que entendo que a mensagem é maior do que o
pregador, pois é o ideal. É também a busca do próprio líder, pregador,
mensageiro.
Quer um exemplo mais claro?
Jesus perdoou um monte de gente:
No ato de sua prisão acudiu o soldado machucado ainda que
continuasse preso; ao que o negou foi concedido nova chance; ao que o traiu foi
concedido a oportunidade de revisão; até à multidão que o condenou e o matou,
ele perdoou; a todos aqueles que o abandonaram no pior momento foram visitados
pelo seu perdão e graça.
Eu podia me estender falando desse perdão até chagar a
mim e a você. A mensagem sobre o perdão é linda. O poder perdoador é libertador
e é uma maravilhosa mensagem. “Não se esqueça de seus benefícios. É ele quem
perdoa seus pecados e quem sara suas feridas.”
Gente, não é tão difícil falar sobre algo empolgante,
principalmente quando estou do lado de cá, do lado da vantagem, fidelidade,
amor, céu. Quando ainda não fui afetado.
Mas, e se fosse comigo?
Em relação a Jesus, o verbo que se fez carne e vimos a
sua glória. Mas, em relação a mim, o verbo continua verbo, palavra, retórica. É
provável que eu mesmo ainda não tenha conseguido me ouvir. Consigo falar,
pregar, aconselhar, mas não consegui ouvir o que disse ou digo. Falei ao outro,
mas ainda não falei a mim mesmo.
A carne pretende se fazer verbo, mas o verbo não consegue
se fazer carne, logo não há glória. A glória só faz sentido na história da
nossa humanidade. A glória só foi vista quando o verbo se fez carne/história.
É muito fácil pregar sobre o amor, sobre o perdão, sobre
a fidelidade e não fazer nenhum sentido para mim pelo grau de dificuldade em
lidar com essas carências.
Apesar de a mensagem ser um ideal, logo ser maior do que
a minha prática, eu preciso me resolver, buscar me aproximar da mensagem. Do
contrário estou vivendo uma hipocrisia religiosa.
Se meu ministério é levar a palavra de salvação, de cura,
de libertação, de perdão para o outro, meu desafio é proporcional a essa
mensagem. Meu desafio é experienciar essa mesma palavra na minha caminhada de
vida. O verbo precisa se fazer carne, se fazer história em mim para que a
glória se revele.
Mas, que glória?
A glória do Pai que confere a beleza do filho refletindo
na carne a sua palavra que não voltou vazia, mas se fez concretude na caminhada
desse filho. Isso é glória, isso é honra, isso é verbo feito carne e fazendo
história... história de um filho parecido com o pai, cheio de graça e de
verdade.
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