quarta-feira, 4 de agosto de 2010

E Deus com isso?


Acho que não há dúvida que “tudo” é permitido por Deus. É fácil conferirmos isso através das notícias sobre a violência urbana, e sobre as mais diversas catástrofes naturais. De fato, não vemos nenhum movimento sobrenatural de Deus impedindo de forma concreta esse ou aquele fato. Sequestros, estupros, terror, morte covarde de crianças, jovens e adultos já nos sobejam nos noticiários.

Outra coisa que podemos afirmar que nem todo mal é mal em si. Sabemos que a tsunami foi um horror (mal) porque no seu trajeto muitos foram vítimas humanas. Uma enchente de um rio que levou centenas de casas e fez muitas vítimas assim ocorreu, não porque a enchente em si é um mal, mas por causa dos vitimados. Da mesma forma os tremores de terra acontecem, não por causa do homem, mas por causa das placas tectônicas. Isso nada tem a ver com o que é bom ou mal, a não ser quando sofremos.

E Deus com isso? Há algumas nuances observáveis nessa argumentação. Deus não deve ser responsável pela catástrofe como mal lançado contra os humanos maus, pois seria injustiça contra os “bons” que sofrerão de graça. Não creio que Deus mate a granel.

A presença do mal como sofrimento pode também ser vista como liberdade humana, logo amor de Deus. Deus “permite” tudo porque nos deixa livres para viver nossas escolhas. Há aqueles que escolhem a facilidade de moradia perto de vulcões pela beleza do lugar, aqueles que foram morar (escolha ou falta dela?) perto do açude ou rio para servir ao patrão entre o curral e a casa grande, aqueles que por um motivo ou outro moram em lugares com freqüência de catástrofes, e ainda aqueles que em nome da fé derrubam aviões. E Deus permite? Sim, quem pode afirmar que não? Ele permite e sofre com tudo isso, basta lembrar que ele não agüentou nem ver seu filho sofrendo na cruz (Por que me desamparaste?), – identidade de nossos sofrimentos que, afinal, ele os levou sobre si.

Por outro lado, é claro que não duvido de seu poder, mas duvido que esse poder não seja expresso nas raias do amor. Porque, quem sabe esse todo-poderio não seja apenas mais sofrimento em nome de sua soberana escolha de amar, por isso nos deixar viver nossos dilemas enquanto nos convida a cuidar de nosso planeta?

3 comentários:

Lailson Castanha disse...

Companheiro Josué, saúde.

Reflexão pertinente. Seu texto aborda uma questão bastante controversa entre os cristãos, a questão do mal e das calamidades, diante de um Deus que, ou positivamente ordena que tais males ou catástrofes aconteçam, ou permite que as coisas naturalmente sigam o seu curso.
Nos faz ponderar no que é objetivamente um mal, ou o que é um mal em sua dimensão particular. Faz-nos refletir se o que nos incomoda é diretivamente, propositadamente e especificadamente direcionado por Deus, ou o que nos incomoda, é fruto de nossos equívocos, que se chocam com s deliberações de Deus.

Gostei muito!

Sandra Lúcia disse...

Muito boa a sua reflexão! Concordo plenamente que Deus deixe as coisas tomarem seu curso natural. Pra mim é prova de que Deus ainda acredita que possamos aprender com nossos erros e continua investindo em nós! Amo seus textos! bjim.

Unknown disse...

Com muito atraso comento tal reflexão... Bem Jó, acredito que o culpado é Deus que deixa acontecer tanta desgraça em nome de Sua Graça, mas, se Ele fosse Deus conforme nossas perspectivas seria um Banana como muitos políticos que são bajulados por direcionar favores. Ora, Ele é Deus Amor, Soberano em me deixar viver minhas escolhas e sofrer os erros de meus semelhantes com quem convivo. Beleza de reflexão, Bro. GBU!